
Congresso pré-COP30 encerra com Carta de Manaus e reforça papel da educação ambiental diante da crise climática
Documento político-pedagógico reúne propostas e compromissos voltados à justiça climática e ao bem viver nos países de língua portuguesa; próximas edições do congresso serão em Timor-Leste e Angola
O VIII Congresso Internacional de Educação Ambiental dos Países e Comunidades de Língua Portuguesa chegou ao fim nesta sexta-feira (25), em Manaus (AM), consolidando-se como um marco político-pedagógico na preparação da sociedade para os desafios da crise climática. Reunindo mais de 1,6 mil participantes de dez países, o evento contou com a presença da ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, além de representantes da pasta de Meio Ambiente dos países integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O evento somou forças à Jornada de educação ambiental para sociedades sustentáveis e responsabilidade global rumo à COP30.
Como desdobramento dos cinco eixos temáticos debatidos ao longo da programação, o congresso culminou na apresentação da Carta de Manaus – Grito da Amazônia por todos os povos do mundo, um documento coletivo, lido pela ativista indígena e porta-voz da Rede Sustentabilidade, Vanda Witoto. A Carta reafirma a educação ambiental como um “imperativo ético e civilizatório” e propõe ações concretas para os integrantes da CPLP no enfrentamento da crise climática.
Programação plural
Durante cinco dias de intensa programação, o congresso promoveu oficinas, rodas de conversa, apresentações culturais, lançamento de livros, visitas a comunidades amazônicas e painéis com temas como justiça ambiental, educação crítica, participação social e bem viver. Um dos marcos foi o lançamento da Rede Planetária do Tratado de Educação Ambiental, iniciativa que reforça o compromisso com a transformação da relação entre a humanidade e a natureza.
O coordenador da Rede Lusófona de Educação Ambiental, Joaquim Ramos Pinto, destacou o papel do congresso como ponto de convergência entre poder público, sociedade civil, academia e lideranças comunitárias. “A presença de representantes da Amazônia e dos países da CPLP permitiu uma reflexão profunda sobre os desafios locais e globais. Países como Guiné-Bissau, Guiné Equatorial e Timor-Leste se comprometeram a construir suas Estratégias Nacionais de Educação Ambiental, enquanto os demais atualizarão as existentes. A meta é que, até 2027, todos estejam em plena implementação”, explica.
Outro destaque foi o Encontro de Juventudes Lusófonas, discutiu propostas para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), as Conferências Infantojuvenis, com mais de 8 mil escolas mobilizadas e um documento que será entregue ao presidente Lula para levar à COP30, e o fortalecimento dos centros de educação ambiental, com foco em ampliar seu papel nas políticas públicas. Também foi reafirmado o compromisso de levar a pauta da educação ambiental aos documentos da COP30, com protagonismo da CPLP.
Para o diretor do Departamento de Educação Ambiental e Cidadania do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marcos Sorrentino, o evento consolida um esforço articulado de longa data. “A educação ambiental é uma resposta ética e política aos desafios do nosso tempo. Este congresso deixou frutos concretos e simbólicos. São expressões de um movimento plural e articulado, que une conhecimento, ação e afeto rumo a uma sociedade sustentável e de responsabilidade global”, avalia ao citar o lançamento da campanha Educação ambiental vira o jogo, que destaca a educação ambiental como uma das soluções para a crise climática.
Carta de Manaus

Além de anunciar as duas próximas sedes do congresso (Timor-Leste, em 2027, e Angola, em 2029), a Carta de Manaus, construída de forma colaborativa, sistematizou as diretrizes discutidas e será referência para as ações até a COP30. O documento reforça o papel da ação local diante das emergências climáticas e da necessidade de fortalecer práticas de bem viver, democracia e justiça ambiental.
Entre as diretrizes sistematizadas, estão:
- Apelo aos ministros do Meio Ambiente da CPLP para que defendam a inclusão explícita da educação ambiental nos principais instrumentos de governança climática global;
- O reconhecimento do protagonismo das juventudes nos processos de transformação socioambiental, com menção especial à Carta das Juventudes Lusófonas pelo Meio Ambiente e Justiça Climática, produzida no congresso como um “ato político fruto de um processo permanente de articulação”;
- Um chamado ao financiamento contínuo, justo e descentralizado das políticas e iniciativas de educação ambiental nos países e comunidades da lusofonia.
- A Carta também celebra o ineditismo da participação da Guiné Equatorial na edição de Manaus e reforça a importância da troca entre saberes, culturas, vivências e sabores como base para a construção de respostas plurais e enraizadas nas realidades dos povos.
Confira o documento na íntegra.
Texto: Fernanda Rodrigues, Hendryo André, Fernanda Amarelo e André Poletto
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